quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma Questão de Opinião!!!

Globalização, Neoliberalismo e Cultura de massa e a "nova" tecnologia dos "de baixo"

Os defensores da globalização sempre são precisos em afirmar que ela tem o poder de libertar-nos do isolamento, livrar-nos da exclusão a que nos submete o protecionismo, tornando possível a livre interação entre pessoas e idéias diferentes e promovendo o respeito e o conhecimento entre as diferentes culturas. Uma “aldeia global” que proporciona maior prosperidade e bem-estar aos que nela engajam-se e torna-os, efetivamente, participantes do mundo.
Fica evidente nos textos de Ramonet e Milton Santos a precariedade desse conceito de globalização. O que eles já alertavam em suas críticas ao sistema dominante de globalização com fundo ideológico de mercado, consumo e o uso da comunicação de massa para os interesses das nações ricas ou soberanas, em detrimento aos anseios e clamores das classes sociais menos favorecidas, ganhou mais força após o “chamado colápso do globalização neoliberal”, especificamente a explosão da crise financeira, em 2008. Uma boa definição do que vem a ser o neoliberalismo com sua força no mercado financeiro mundial é do sociólogo Otavio Lanni, “ O neoliberalismo é a ideologia e a prática das forças sociais predominantes na globalização do capitalismo em curso no sentido de que as corporações, e as estruturas mundiais de poder que expressam principalmente os interesses das corporações, se impõem aos povos e às nações, em todo o mundo. Neoliberalismo, no sentido de um novo discurso sobre as maravilhas do mercado mundial compreendendo competitividade, produtividade, qualidade total e lucratividade,a despeito do agravamento das desigualdades sociais e da globalização da questão social. O neoliberalismo é o discurso da globalização pelo alto." (O. Lanni “Globalização e Neoliberalismo”)

Uma crise que “derreteu” bilhares de dólares, aprofundou as desigualdades sociais , aumentou o desemprego, necessitou da intervenção dos bancos centrais e, consequentemente, diminuiu ainda mais os investimentos na área social de todos os países. . O que vemos é de um lado, especuladores e banqueiros alimentam-se da desordem mundial da globalização financeira. Do outro, trabalhadores em todo o planeta que arcam com custos dessa "economia de cassino".

As corporações midiáticas, apesar de acompanhar e noticiar esse desastre econômico mundial poderiam ter tido uma participação mais incisiva, promovendo debates e informações na reorganização e surgimento de novas alternativas de enfrentamento dessa situação. A farra das elites também não foi devidamente questionada. O comportamento da mídia na recente crise financeira internacional foi debatida na abertura do Fórum Mundial de Mídia Livre, no início de 2009, no Rio de Janeiro. Uma das conclusões dos participante foi que a chamada grande mídia não ofereceu explicações satisfatórias diante da crise, muito embora, durante anos, seus "especialistas" tenham se redobrado em esforços para legitimar o modelo neoliberal de globalização.

Para Ignacio Ramonet, presente no encontro, “ a recente crise financeira internacional destroçou o que ainda restava do neoliberalismo e arrastou consigo boa parte da credibilidade e do poder dos grupos midiáticos, particularmente da imprensa escrita, em função da estreita aliança entre mídia e poder econômico. O tratamento dado pela mídia à crise não teria sido mais do que o reflexo de seu próprio desespero, pois toda crise capitalista tende a se refletir como uma crise nos meios de comunicação.” .

No mesmo encontro, o jornalista Pascual Serrano, do site Rebelión, afirmou que “a mídia é um dos responsáveis pela recente crise internacional porque faz parte da estrutura financeira do modo de produção capitalista. A sociedade civil organizada sempre defendeu meios de controle sobre a economia, mas teria sido solenemente ignorada pela mídia tradicional, que estranhamente não ofereceu explicações satisfatórias diante da crise, muito embora seus “especialistas” tenham estado sempre de prontidão quando o caso era legitimar a economia capitalista. A estratégia escolhida pela mídia diante da crise, afirmou Serrano, foi a de “vitimização”, como se não existisse responsável algum pela bancarrota capitalista, mas somente vítimas”.
Nesse aspecto, concordo com Ramonet e Milton Santos, quanto a necessidade de se horizontalizar e democratizar a informação. Apesar de ainda incipiente, acredito na utilização das novas plataformas de comunicação para levar a sociedade a um novo paradígma de conhecimento e interação de suas dificuldades e anseios. As chamadas “novas mídias”, com o uso computador, do telefone celular, da troca de imagens, vídeos e textos, especialmente na comunicação em rede, (internet). Lembrando o texto de Ramonet: “´É possível nos dar conta de que os meios (evidentemente os pequenos) que fornecem informação séria , não ideológica, dados, fatos concretos, com referências, estes meios, “ por mais diferentes que sejam estão conquistando cada vez mais audiência. Não é novidade mais que com o telefone podemos usufruir e realizar as funções do computador. Se comunicar com alguém pelo computador (um bom exemplo é o Skype). Ou mesmo com um celular interagir, assistir a tv e até produzir fotos e vídeos para uma emissora e muitas outras possibilidades. É o universo da Internet”

Já há muitos exemplos de comunidades de pequenas cidades que produzem conteúdo sobre suas origens, cultura e dificuldades e disponibilizam esse material na internet ou em TVs públicas. No livro “ TV Digital e Produção Interativa: a comunidade manda notícias” (Fernando Crocomo, editora da UFSC, 2007-pag. 141) o autor apresenta um modelo para produção e envio de vídeos para permitir que o telespectador ou sua comunidade ( representada por uma escola, e/ou associação de bairro) possa participar da programação de uma emissora de TV, recebendo a programação normal e retornando informações, inclusive conteúdo em vídeo que também fica disponível na internet. O modelo faz uma associação entre o uso de equipamentos evoluídos tecnologicamente e a busca da produção de conteúdos de interesse da comunidade.

Exatamente como Milton Santos prevê em seu texto. As manifestações dos que vem “de baixo” podem se expandir ainda mais, num primeiro momento virtualmente e depois fisicamente e movimentos sociais.

No entanto, a internet, como alerta o Professor e Doutor em Ciências da Comunicação, Eugênio Bucci, na apresentação do livro “ Ciberespaço, Aluta pelo Conhecimento” (Sérgio A. da Silveira/ Dimas A. Künsh- Editora Salesiana-2008) “(...) se presidida unicamente pelos interesses corporativos e pelas atuais hierarquias rígidas, típicas dos Estados autoritários ou do modelo atual de comunicação de massa, pode virar um ambiente para o monitoramento das comunicações e enfraquecimento do indivíduo. Torna- se mais um instrumento a serviço de tiranias econômicas ou políticas e menos uma inovação capaz de emancipar as pessoas(...) quando o espírito de cooperação prevalece sobre a voracidade do dinheiro, quando os princípios dos direitos fundamentais sobrepujam os impulsos de controlar a vontade de opiniões alheias, aí sim, a Internet alcança a dimensão de um espaço verdadeiramente público, um canteiro fértil para a ampliação da liberdade”.

Uma novo caminho para uma globalização mais justa e humana deve sempre levar em conta as diretrizes da verdadeira democracia representativa dos cidadãos, com um verdadeiro engajamento político nas tomadas de decisões do que realmente importa para todas as classes sociais no planeta.

A democracia e o neoliberalismo definitivamente entraram em conflito.A jornalista e pesquisadora canadense, Naomi Klein, em entrevista à revista Cult em junho de 2008, contesta a alegação central da máquina da propaganda neoliberal, que procura identificar pessoas livres com o que se chama de mercado livre. Como Milton Santos, Naomi Klein também acredita nos movimentos populares, com destaque aos que vêem do campo e ou das periferias das grandes cidades como representações legítimas da insatisfação com os modelos de globalização que vivemos.

Para mim, as causas ambientais são uma das grandes forças motoras atuais para uma reorganização social planetária e tende a crescer na medida em que as pessoas, e a juventude futura, se organizarem em movimentos. O que unificará mais as sociedades é o futuro do próprio lugar onde vivemos. Pode parecer ingênua minha constatação, mas como qualquer ser vivo, o ser humano mais do que nunca precisará se guiar pelo instinto da sobrevivência.



Luiz Galvão

Por uma Outra Globalização - Milton Santos (análise)


Um dos pontos dos vários pontos em comum entre o texto de Ignacio Ramonet e o de Milton Santos, destaco, na sociedade globalizada, a circulação da informação gerida e manipulada pela mídia como parte dos grandes Conglomerados. Para Santos, ela é a criadora dos mitos e dos símbolos da base da globalização. Tudo funciona de acordo com as regras do Mercado. “Os grandes conglomerados não satisfeitos em controlar os demais ramos da economia, dominam também a comunicação, reforçando a ideologia de mercado e suas conseqüências”. A propaganda trabalha com para eliminar a esperança de mudança e, cada vez mais, induz ao consumismo.


“Há uma relação carnal entre o mundo da produção da notícia e o mundo da produção das coisas e das normas. A publicidade tem, hoje, uma penetração muito grande em todas as atividades, como na profissão médica, ou na educação. Hoje, propaga-se tudo, e a política é, em grande parte, subordinada às suas regras.”(Santos.p 40). As mídias nacionais se globalizam, não apenas pela “chatice e mesmice das fotografias e dos títulos, mas pelos protagonistas mais presentes.Falsificam –se os eventos, já que não é propriamente o fato o que a mídia nos dá, mas uma interpretação”. Com essa análise do autor é possível fazer um paralelo com a teoria do discurso infantilizante que Ramonet propõe.


Na mesma página 40, Santos associa a informação como fábulas quase que da mesma forma como Ramonet. “O fato de que a comunicação se tornou possível à escala do planeta, deixando saber o que se passa em qualquer lugar, permitiu que fosse cunhada a expressão, quando, na verdade, ao contrário do que se dá nas verdadeiras aldeias, ( ele se refere à idéia de Aldeia Global) é frequentemente mais fácil comunicar com quem está longe do que com o vizinho. Quando essa comunicação se faz, na realidade, ela se dá com a intermediação de objetos. A informação sobre o que acontece não vem da interação entre pessoas, mas do que é veiculado pela mídia, uma interpretação interessada, senão interesseira, dos fatos. “ Para ramonet, a grande mídia conta fábulas e só um novo caminho de interação com as novas plataformas tecnológicas de comunicação e democráticas entre comunidades e pessoas poderia reverter esse quadro.


Papel dos pobres na produção do presente e do futuro


Milton Santos acredita que a luta e mudança para um novo tempo,para uma nova globalização, está nas bases das ações dos movimentos comunitários e populares como em nova forma e meios de se fazer comunicação. Na realização de obras que servem ao outro, a alguém. Esclarece que é preciso distinguir, atualmente, papel dos pobres do presente entre o futuro de pobreza e miséria. “ A miséria acaba por ser a privação total, com o aniquilamento, ou quase, da pessoa. A pobreza é uma situação de carência, mas também de luta, um estado vivo, de vida ativa, em que a tomada de consciência é possível.”(página 132) Isso significa para Santos, que miseráveis são os que se confessam derrotados. Mas os pobres não se entregam. E dessa forma há combustível para a luta, para a mudança e descobrir a cada dia formas inéditas de trabalho. O enfrentamento e busca de remédios para as dificuldades. O sentimento de urgência como mais uma força motivadora do conhecimento. Com isso, o autor fala da socialidade urbana como um palco onde os atores, ao invés de serem protagonista em estratégias de sobrevivência ou de tragédias, na verdade se constituem a própria vida concreta da maioria das populações. “A cidade, pronta a enfrentar seu tempo a partir do seu espaço, cria e recria uma cultura com a cara do seu tempo e do seu espaço e de acordo ou em oposição aos “donos do tempo”, que são também os donos do espaço.”(p.132)


Num novo relacionamento e convivência com a necessidade e com o outro, Santos acredita que se elabora uma política, que chama a política dos de baixo , constituída a partis das suas visões do mundo e dos lugares. “Trata-se de uma política de novo tipo, que nada tem a ver com a política institucional. Esta última se funda na ideologia do crescimento, da globalização, etc. e é conduzida pelo cálculo dos partidos e das empresas. A política dos pobres é baseada no cotidiano vivido por todos, pobres e não pobres, e é alimentada pela simplkes necessidade de continuar existindo”. Nos lugares, uma e outra se encontram e confundem, daí a presença simultânea de comportamentos contraditórios, alimentados pela ideologia do consumo. Este ao serviço das forças socioeconômicas hegemônicas, também se entranha na vida dos pobres, suscitando neles expectativas e desejos que não podem contar.”(p.133). A desilusão das demandas não satisfeitas, o vizinho que prospera e o cotidiano contraditório pode motivar o despertar. E se houver uma brecha no sistema do mundo, do país e do lugar, a semente da inconformidade já estará plantada e “o passo seguinte é o seu florescimento em atitudes e, talvez , rebeldia.”


Novamente, como Ramonet, Santos define a questão da dificuldade de discursos. Neste caso mais específico, o dos movimento das massas que “nem sempre resultam de discursos claros e bem articulados, nem sempre se dão por meio de organizações conseqüentes e estruturadas.”


O autor difere as organizações e os movimentos estruturados do que é o próprio cotidiano, flexível de relações, adaptável às novas circunstâncias, sempre em movimento. Apesar de não descartar as organizações e movimentos como instrumento de agregação e multiplicação de forças a conquista dos resultados não daria conta de se cristalizar, nem encorajar a repetição de estratégicas e táticas. “ Os movimentos organizados devem imitar o cotidiano das pessoas, cuja flexibilidade e adaptabilidade lhes asseguram um autêntico pragmatismo existencial e constituem a sua riqueza e fonte principal de veracidade”. Santos acredita que a mudança provirá de um movimento de baixo para cima, tendo com atores fundamentais os principais países subdesenvolvidos e não os países ricos. Mas com a participação dos deserdados, dos pobres do indivíduo livre das ideologias neoliberais existentes. A demanda que vem dos de baixo é explosiva.
A escassez chega às classes médias.
Luiz Galvão (2009)  




Análise do texto: "O Poder Midiático". Ignácio Ramonet

O Poder Midiático

O jornalista, sociólogo e diretor do periódico francês, Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, destaca logo no início do texto “ O Poder Midiático” ( in Denis de Moraes,(org);243) a extrema dificuldade, na atual conjectura da globalização neoliberal e, como consequência da chegada da Revolução Digital, de se estabelecer distinções nítidas entre o mundo da mídia, o mundo da comunicação, o mundo que poderíamos denominar cultura de massas e o mundo da pubicidade.

( A mistura entre jornalismo, a publicidade/propaganda e a cultura de massa)

O autor defende o estreitamento da distância entre esses setores comentando ao mesmo tempo, a distinção que existia antes, com certa autonomia nas esferas da comunicação, da informação e da cultura de massas. Argumenta que “ cada dia existem menos fronteiras entre esses setores e que há alguns anos atrás , no universo da comunicação em geral, podíamos distinguir essas três esferas autônomas e praticamente independentes.”

Ramonet explica a ‘mistura’ entre essas esferas em três etapas e da seguinte forma: A esfera do que chamamos de informação (imprensa, informação radiofônica, agências de notícias, noticiários de televisão, cadeias de informação contínua. Esta como um universo, o do jornalista, que é um mundo à parte ou uma esfera à parte.

Uma outra esfera ele denomina de comunicação institucional, como a publicidade, a propaganda no sentido político da palavra.Um universo que, segundo ele, se desenvolveu enormemente. Para fundamentar essa argumentação, lembra e enfatiza que, mais do que nunca na atualidade, governos e as empresas comunicam, possuem jornais, rádios, têm porta-vozes midiáticos, têm estruturas de imprensa . Com isso, Ramonet pretende deixar claro que se torna cada vez mais difícil e complexo para o cidadão não identificar estes elementos como parte formadora do mundo da comunicação. A Publicidade é parte desse universo, do mundo da comunicação, como ostentação, aparato ideológico do sistema. È utilizada também como forma de propaganda política.
E, como terceira esfera, aquilo que conhecemos e chamamos em geral de cultura de massa, num sentido abrangente, como a “telenovela, os quadrinhos, a edição literária de massa, os livros de massa, o cinema de massa, o esporte, etc”.

(o fim da autonomia: o papel da revolução digital-mescla de texto/som/imagem)

Ao definir a comunicação nessas esferas, Ramonet tenta desvincular a idéia de que, nas palavras dele, “poderíamos, há dez anos, falar dos meios de comunicação como um universo fechado, com sua própria lógica, com sua própria dinâmica, autônomo em relação ao resto do universo da comunicação”. Para fundamentar essa posição, o autor afirma que hoje não é mais possível falar dos meios de comunicação como um universo fechado ou autônomo por causa da revolução digital. Hoje temos a possibilidade da mescla do texto, do som e da imagem. “Antes havia um universo do texto, um universo do som, um universo da imagem.” Atualmente podemos ter tudo isso em um só aparelho.

(fusão telefone/TV/computadores:mistura das funções:intenet)

A fusão na utilização das máquinas de comunicação como telefone, a televisão e o computador, além, é claro, da internet, nos faz pensar de forma global, inserindo esses diferentes universos num só contexto. Essas novas máquinas desenvolvidas nas últimas duas décadas da globalização permitem que possa se fazer da comunicação, cada vez mais, o que cada aparelho possibilitava em separado.“Já não há, portanto, o universo do escrito, o universo do som, o universo da imagem, tudo está misturado”.


Não é novidade mais que com o telefone podemos usufruir e realizar as funções do computador. Se comunicar com alguém pelo computador (um bom exemplo é o Skipe). Ou mesmo com um celular interagir, assistir a tv e até produzir fotos e vídeos para uma emissora e muitas outras possibilidades. Dessa forma, Ramonet fala em um outro universo da comunicação. É o universo da Internet.


Voltando às definições de esferas da comunicação, o autor faz uma conclusão: “ A internet não sabe distinguir entre texto, imagem e som, não sabe distinguir entre as três esferas das quais falamos. Na Internet existe esfera da informação, esfera da publicidade e esfera da cultura de massa. Na Internet há cada vez mais televisão, há cada vez mais informação, há cada vez mais publicidade; e não há diferença entre as três”.

A revolução digital, a Internet, trouxe um outro contexto onde devemos pensar globalmente esses três universos diferentes.

As Megafusões

(presença do esporte: espetáculos)

Foi até natural, com a “explosão” da Internet e novas tecnologias de mídias, que surgissem firmas , empresas com vocação para administrar a fusão dessas três culturas, desses três universos ou esferas de comunicação diferentes. Como exemplo da formação de Megafusões, ou Conglomerados Midiáticos, Ramonet explica: “É significativo que no ano dois mil tenhamos assistido ao surgimento de megagrupos de comunicação, com a função do grupo líder da comunicação mundial, Time Warner, com a empresa líder da Internet, America On Line; uma empresa, antiga, a Time Warner, e uma empresa recente, a America On Line”. Era o surgimento da empresa de informação claramente com papel comercial.
Assim, Ramont afirma ser necessário refletir o que esse exemplo de Megafusão significa em termos de difusão:” quantos milhares de pessoas em todo o mundo têm relação com o grupo Time, com a revista Time, com o cinema Warner, com a televisão Warner ou com o canal a cabo Warner, ou ainda com a CNN, que faz parte do grupo, e, agora, com a AOL, que é um portal de entrada da internet para centenas de milhões de usuários pelo mundo afora.”
Não é novidade que as Megafusões de empresas de comunicação ganharam fôlego a partir de uma globalização neoliberal, especialmente àquelas sediadas em países como nos EUA, Europa e Japão. E o poder midiático serve como aparato ideológico desse sistema da atual globalização e que determina ou significa a padronização de idéias, de trabalho, de costumes, de cultura e entretenimento.

No texto, é citada a criação do grupo euro-americano, ou franco-americano, o Vivendi Universal. Ramonet diz que essa fusão s assemelha ao grupo Murdoch, dono do império Warner, e não tem especialidade no campo da comunicação.” A Vivendi faz de tudo, diz. Edição musical. Edição cinematográfica, filmes; possui, é evidente, editoras, agências de publicidade, todo tipo de serviços de lazer, além de, obviamente, estar presente também no esporte”.

Aliás, o esporte interessa e é utilizado pelas grandes corporações de mídia muito mais como espetáculo e maximização de lucros. E é no futebol e seu grande retorno em audiência e todo o tipo de comércio e lucros para a mídia que Ramonet expõe seu pensamento. “Um time de futebol não tem, hoje, interesse esportivo: é muito menos uma prova esportiva que se desenrola em uma cancha do que um espetáculo que se difunde pela televisão. Um time de futebol nada tem a ver, ou tem cada dia menos, com o esporte e cada vez mais com espetáculo. Daí as importantes somas em dinheiro pagas aos atores dessas equipes, como atores deste ou daquele filme ou telenovela.”

Nesse contexto Ramont afirma que “o que temos diante de nós não é o mundo da informação apenas, mas um universo bem complexo, no qual os atores principais da globalização, as grandes empresas, desempenham além do mais um papel muito importante no campo da informação”. Para constatar essa afirmação do autor basta vermos as “megamarcas” de corporações associadas aos jogadores, times e esportistas. Isso nos remete ao mundo do poder econômico e de mercado.

(poder midiático=segundo poder -primeiro poder (econômico/financeiro)

Para o diretor do Le Monde Diplomatique, no atual estágio neoliberal de globalização, onde o fluxo de capital atingiu recordes, o poder político fica subjulgado, ou nem exista, ao que ele chama de primeiro e segundo poder. O primeiro é o econômico/ financeiro o segundo, o poder midiático. Isto porque o poder de mercado e financeiro abastece e privilegia o poder midiático que, dessa forma, se transforma no verdadeiro aparato ou sustentáculo ideológico da globalização. Esse sistema, com o “peso midiático”, se perpetua e faz com que aceitemos em nossas mentes as regras da globalização. E o que a imprensa diz a televisão repete, a rádio repete, e não apenas nos noticiários, mas também nas ficções e o resultado é a apresentação de um modelo de vida que se deve representar.

A Informação Hoje
(mercantilização da informação não é sinônimo de educação para a cidadania ou busca de verdade)(informação “gratuita”: papel da publicidade: mídia vende consumidores)(instantaneísmo x jornalismo)

“No universo da informação, especificamente, esta característica também é encontrada”. O autor caracteriza a informação hoje de três maneiras: primeiro, como uma mercadoria, onde o discurso não tem a função de educar o cidadão, mas sim o objetivo comercial e do lucro.”Compra-se e vende-se informação com o objetivo de obter lucro”; a segunda característica é a de que a informação tende a alcançar o limite da aceleração e de sensações, sem a preocupação com a qualidade; “ Passamos de um mundo do jornalismo para um mundo do imediatismo, do instantaneísmo, não há tempo para estudar a informação. Ela é feita cada vez mais de impressões, de sensações”; e, como terceira característica, a tendência da comunicação cada vez mais gratuita. Se antes a empresa vendia informação ao cidadão, hoje ela vende consumidores aos seus anunciantes .”Quem paga a informação na realidade é a publicidade. Hoje uma empresa midiática vende consumidores a seus anunciantes (Nike, Ford, General Motors) o número de consumidores que possui. Essa é a relação dominante”.


Discurso Infantilizante

(a questão dos contradiscursos) (dificuldade para atingir as massas- retórica das grandes empresas)
(contradiscurso: sedutor, não infantilizante, não dogmático)

Ramonet inicia esse tema se questionando sobre o que significa tudo que está dizendo. E responde: Significa que a luta contra tais grupos se tornou extremamente difícil. Poderíamos dizer, por exemplo, que uma atitude militante diante da pressão midiática consistiria em dar gratuitamente a informação que eles vendem, mas na realidade eles já o fazem: se difundirmos gratuitamente a nossa informação, não faremos nada além do que eles fazem; a gratuidade já não é critério de distinção”.


Ele aponta que o discurso hoje é infantilizante “ porque possui uma retórica com as mesmas características, o mesmo espaço, a mesma rapidez e o mesmo estilo de dramatização na busca do riso.É um discurso dirigido para crianças, por isso infantilizante.” Os grupos de mídia se dirigem às massas que são planetárias, enquanto nós, muitas vezes, seguimos pensando o contradiscurso de forma demasiado local ou circunstancial. Aqui também existe uma diferença entre ilustrar aqueles que já sabem e dirigir-se a um público em geral” O discurso militante ou de contra informação não é suficientemente pedagógico ou não tem os critérios de sedução que lhes permitiriam competir com o discurso dominante.


Dentro desse raciocínio, o autor conclui que a característica do discurso das grandes empresas midiáticas é a retórica. Acrescenta que ao analisar o discurso da informação ou da publicidade ou da cultura de massas ele apresenta, retoricamente as mesmas características. “Em primeiro lugar, é um discurso rápido, não há efeitos longos; na imprensa, os artigos são cada vez mais curtos, as frases são breves, os títulos impactantes, como um modelo publicitário ou qualquer discurso da cultura de massa”. Nesse momento, Ramonet apresenta as características que fundamentam seu pensamento. “Primeira característica: a rapidez para evitar o tédio. Segunda característica: a simplicidade. A terceira: utilizar constantemente algo que poderíamos chamar de elementos de espetacularização, de dramatização”. Onde se justifica o riso no discurso publicitário, a euforia ou tragédia no do noticiário. Ou seja, expressar-se através de emoções. Portanto um discurso de massa que fala às crianças e, sendo assim, o que recebemos de maneira geral é um discurso infantilizante.
Ramonet finaliza a questão do contradiscurso sinalizando que não podemos fazer contra-informação com um discurso efetivamente infantilizante. Para ele a dificuldade está em construir um discurso de contra- informação com os mesmos requintes da mídia de massa, ou seja, com sedução e que não se dirija a uma pequena minoria, mas que possa dirigir-se também às massas, sem ser,” definitivamente um discurso doutrinário, dogmático, um discurso de pura retórica, artificial.”
O autor tenta esclarecer um pouco mais a definição do que ele chama de contradiscurso ao mencionar que a globalização também deixou o nível dos meios cada vez mais vulgar, mais medíocre, mais insatisfatório e, ao mesmo tempo, a própria globalização elevou o número ou o nível de pessoas educadas, pessoas que fizeram estudos secundários, que fizeram estudos superiores, sendo que em nenhum momento da história houve um nível educacional como o atual. O que ele chama de contradição social: aumento da educação e da vulgaridade na mídia. E explica: “ Portanto, enquanto o nível educacional sobe, o nível midiático desce. Chega um momento em que eles se cruzam e aparecem em nossas sociedades cada vez mais categorias sociais que se sentem insatisfeitas com este discurso infantilizante e que exigem ser tratadas como adultas, capazes de conhecer a verdade, capazes de distinguir e de tomar posição em função da verdade, seja qual for essa verdade”. Ele acredita que é possível a sociedade ser capaz de usar o poder de seletividade e da crítica. Ramonet fala em demanda pela verdade. E para isso acredita na evolução e crescimento de veículos alternativos.

Queremos a Verdade

(demanda pela verdade- veículos alternativos: crescimento Fórum Social- necessidade de saber comunicar a verdade)

"Não queremos um conto de fadas, queremos a verdade e diante da verdade, como cidadãos, estamos dispostos a assumir posições. Que não nos contem um conto de fadas como a Guerra do Golfo, da Guerra de Kosovo, sobre o Plano Colômbia.”


O autor sugere que é possível nos dar conta de que os meios (evidentemente os pequenos) que fornecem informação séria , não ideológica, dados, fatos concretos, com referências, estes meios, “ por mais diferentes que sejam estão conquistando cada vez mais audiência.
 Fórum Social Pará - Brasil, 29 de maio de 2008

Como referência, Ramonet explica que o periódico que dirige, apesar de ser feito por poucas pessoas e com políticas de respeito ao cidadão e qualidade de conteúdo veio, aos poucos, conseguindo que o número de leitores se e multiplicasse e hoje conta com 15 edições em várias línguas. Diz o autor: “ É um pequeno e modesto exemplo diante de um grupo como a Time Warner, mas este exemplo modesto indica que há uma demanda, hoje em escala internacional. Poderíamos citar outros grupos ou outros meios, tanto no suporte impresso como no suporte rádio ou no suporte Internet, que estão fazendo uma informação que é, sensivelmente, aquela que permitiu o Fórum Social Mundial acontecesse, e que acontecesse com êxito que conhecemos. Segundo Ramonet, até foi possível, no plano midiático uma verdadeira queda-de-braço com Davos, onde se reúnem o que ele chama de patrões do mundo.

Comunicação dominante ou comunicação alternativa têm em comum, para Ramonet, é o fato de que são comunicação e de que não é possível comunicar-se bem de qualquer maneira. “E aí está o problema”, diz ele. Comunicar bem faz falta uma série de técnicas. Não basta possuir a verdade.”Alguém pode ter a verdade e definitivamente não encontrar eco porque não sabe comunicar essa verdade. A verdade nunca se impõe por si só e quem a possui deve saber como veiculá-la, caso contrário ela se torna arrogante e depreciativa com respeito à cidadania.

A Publicidade
(contaminação comercial (ideologia) da informação/espaços públicos- defesa da ecologia da informação)

Ramonet compara o discurso sobre a propaganda política em um estado autoritário, como no livro 1984, de Orwell, ao discurso que vivemos hoje: o discurso comercial. Para ele o discurso comercial é uma ideologia como outras, pode-se defendê-la ou não. “É um discurso puramente ideológico que trata de vender um modelo de vida que é um modelo de vida claramente ideológico.O intolerável é que nossa liberdade de cidadãos se veja constantemente limitada por esta agressão publicitária que sofremos quando estamos em contato com qualquer meio de comunicação ou simplesmente quando circulamos pela cidade, onde resta cada vez menos espaço público”.


No último parágrafo do texto, o autor diz ser necessário desenvolver uma defesa da ecologia da informação. Faz uma analogia entre o meio ambiente que está contaminado pelo uso de metais pesados decorrente de uma hiperindustrialização globalizada que produziu o desastre ambiental, com a contaminação da informação. “A informação está contaminada essencialmente por uma série de mentiras que podem ser factualmente demonstradas. É preciso descontaminá-la dessas mentiras, é preciso descontaminá-la de uma certa ideologia”. Todas as idéias podem ser defendidas, anunciadas, porém, como idéias e não como uma coisa natural. . A publicidade só atende interesses do consumismo, da utopia, da globalização Para Ramonet, mais importante ainda é a descontaminação de publicidade, como ideologia, no mundo que vivemos. ”E isso é óbvio”.

Por:
Luiz Galvão (02/2009)- Disciplina: Comunicação de Massa e Globalização na Cultura
                                                           Contemporânea.

RAMONET, Ignácio. O poder midiático in MORAES, Denis (org.): Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Record, 2003.

Ignacio Ramonet Míguez (Redondela, 5 de maio de 1943) é um jornalista e sociólogo galego. Ramonet cresceu em Tânger. Estudou engenharia em Bordéus, Rabat e Paris.
Ex-aluno de Roland Barthes, é doutor em Semiologia pela École des hautes études en sciences sociales de Paris. Professor de Teoria da Comunicação da Universidade Denis Diderot (Paris VII) e professor associado das Universidades de São Petersburgo e Carlos III, em Madri, lecionou também nas universidades de Buenos Aires, Valência, Cuba, Porto Rico, Santo Domingo. É doutor honoris causa da Universidade de Santiago de Compostela, na Galiza, Espanha.
Escreveu vários livros sobre geopolítica e crítica da comunicação mundial, nos quais relaciona os meio de comunicação com o projeto estratégico da globalização. Defende a inclusão da sociedade civil nos processos de construção de um outro mundo.
Trabalha na França desde 1972 e desde 1991 é diretor do periódico Le Monde Diplomatique. Dirige também a revista temática bimestral Manière de voir, de vocação pedagógica, voltada a estudantes de nível médio e universitários. Também colabora com o jornal espanhol El País e é consultor da Telesur, rede de televisão pan-latino-americana criada em 2005 na Venezuela, com o propósito de se contrapor à hegemonia das grandes redes privadas de TV, tais como CNN e Univisión.
Em dezembro 1997 o editorial de Ramonet no Monde Diplomatique deu origem à organização altermundista ATTAC. Ramonet também esteve entre os promotores do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, para o qual propôs o slogan Um outro mundo é possível.
Foi um dos fundadores da ONG Media Watch Global, que atualmente preside, e da sua versão francesa (Observatoire français des médias).
Faz parte do comitê de patronos da coordenação francesa da Década da cultura de paz e não-violência, promovida pela ONU.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

cpfl cultura e Fonteiras do Pensamento entrevistam Zygmunt Bauman e você sugere os assuntos » cpfl cultura

cpfl cultura e Fonteiras do Pensamento entrevistam Zygmunt Bauman e você sugere os assuntos » cpfl cultura
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, autor de dezenas de livros (entre eles, Modernidade Líquida) e forte influência para grandes pensadores contemporâneos, concederá uma entrevista exclusiva à equipe da cpfl cultura em julho. Você poderá contribuir fazendo sugestões aqui, na caixa de comentários, sobre quais assuntos poderíamos tratar com ele.

As sugestões poderão ser feitas até o dia 20 de julho; no dia 22 as equipes da cpfl cultura e do programa Fronteiras do Pensamento estarão na Inglaterra para a entrevista com o autor. O vídeo, mais tarde, poderá ser transmitido como um café filosófico cpfl especial na TV Cultura, e trechos estarão disponíveis aqui no site.
Bauman foi convidado a participar da edição de 2011 do programa Fronteiras do Pensamento, mas imprevistos impediram sua vinda ao Brasil. A entrevista para a qual você poderá contribuir será uma rara oportunidade de interagir com um dos principais pensadores do mundo contemporâneo


MODERNIDADE LÍQUIDA. VELOZ. LEVE. VORAZ.. VIVER E VOAR COMO A BORBOLETA.
quinta-feira, 31 de julho de 2008


"Voar suavemente traz contentamento. Voar sem direção provoca estresse.", (Zygmunt Bauman)


Como enfatisar esse momento da vida para se esquecer da morte?
A vida se empurra com a barriga? Ou em holografias, com ou sem consciência?
O tempo não nos dá conta do tempo que procuramos para viver.
Onde encontrar sabedoria nessa modernidade para viver o tempo livre? Como voar suavemente sem a velocidade peculiar de nosso tempo?
O stress está sempre nos rondando a mente, após a praia num findi ou uma noite de amor.
Ver , ver e ver. Inundações de imagens, sufoco de ilustrações, espetáculos.
O que nos diz ou toca nossos sentidos esse mundo que passa diante de nós, em todos os lugares, instantâneo?
E o medo do vazio?
Tempo veloz, fluído.
Intangível e voraz.
Vivemos uma geração que se amolda ou é mutante.
Fazer, fazer, fazer, mais.
Será a velocidade um Deus?
Mundo da modernidade, como os líquidos, vamos nos caracterizando por uma incapacidade de manter a forma.
Zygmunt e o medo líquido, uma metáfora para compreender nosso mundo...Uma sociedade cada vez mais imediatista , o valor está onde não se toca. Onde encontrar a liberdade?
Entre o ontem e o hoje, líquido é algo que se adapta a forma de uma vasilha, do copo. Fluidez é o nosso tempo, ou leveza, leve.
Nada mais sólido, pesado rígido.Ford.
Hoje Bills Gates.
A leveza do dinheiro e não das tradições, territórios , ostentações.
Valores e a temperatura ambiente mudam a todo momento. E ao mesmo tempo.
Hoje o poder é leve e se esconde, não se sabe de onde vem, quem é, onde ele está.
É o dono da marca, fluída.
“A comunicação não é mais pós moderna, mas líquida e nela conceitos e interesses se amoldam ao sabor das ondas aos altos e baixos e às discrepâncias das profundezas para exibir uma superfície plana, que cobre extensivamente todo o planeta com seu abraço afago”.(Zygmunt Bauman). O Poder do Mercado.
O quê a Mídia nos esconde? Nos mostra?
È nebulosa e ativa, presente e invisível, predominante e ambígua.
Onipresente, onisciente ou onipotente? Sempre complexa.
Consumo líquidos velozes e virtuais. Compulsivamente. Desejo a MARCA, já que ela "é mais que o produto". Serei doentio? Me escondo de um possível vazio?
Ritmo acelerado, tempo se torna escasso. Quero meu espaço.
Como viver nessa dicotomia entre o ócio saudável e a frenesi da produtividade que me é exigida ?
Instituições, referências estilos de vida mudam antes que tenham tempo de se solidificarem; costumes, hábitos e verdade 'auto-evidentes' .
Como voar como a leveza da borboleta na nossa mente e espírito sem o stress coagulado da modernidade no coração ?

Luiz Galvão