sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nicholas Negroponte e A Vida Digital.


Após transcrever o post anterior, do Blog Trezentos, senti  a necessidade de reler algumas páginas de uma das obras que considero de extrema importância. O livro A Vida Digital, de Nicholas Negroponte, diretor do Media Lab. do Massachusetts Institute of Technology. Leitura essencial e além da ciência da computação. É   esclarecedora e muito divertida sobre a revolucao na tecnologia da informacao.

No epílogo do livro ("Uma era de otimismo"), o autor cita os problemas, dúvidas e as virtudes do mundo digital. Como problemas, Negroponte lembra-se do vandalismo digital, da pirataria, da invasão de privacidade e da queda dos empregos com a automatização. Como dúvidas, a incapacidade do mundo digital de resolver a questão da vida e da morte e a fome. E como virtudes, a quebra de fronteiras pelos bits, a descentralização, a globalização, a harmonização (empresas trabalhando juntas, por exemplo), a capacitação (em conseguir informação) e que tudo isso estará nas mãos dos jovens.

"Os impérios monolíticos de meios de comunicação estão se dissolvendo em uma série de indústrias de fundo de quintal. Os atuais barões das mídias irão se agarrar a seus impérios centralizados amanhã, na tentativa de mantê-los. As forças combinadas da tecnologia e da natureza humana acabarão por impor a pluralidade com muito mais vigor do que quaisquer leis que o congresso possa"
Editora: Companhia das Letras
Autor: NICHOLAS NEGROPONTE
Ano: 1995

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fechem o seu conteúdo e descubram quantas vezes nós iremos visitá-los…

Do Blog Trezentos
Isso mesmo. A grande imprensa comandada por Keith Rupert Murdoch deve fechar o seu conteúdo. Globo, Folha e Estadão parecem que irão aderir a Declaração de Hamburgo, uma espécie de grito de guerra de um segmento da velha indústria de intermediação contra a circulação gratuita de informação noticiosa.
Querem endurecer as leis de copyright para tentar evitar que as pessoas compartilhem as notícias que estão em seus portais. Querem impedir a existência de agregadores de notícias e provavelmente irão bloquear todos os RSS.
Por que tanto desespero?
Porque a Internet afetou os gatekeepers e seus modelos de negócios. Porque a Internet acelerou a velocidade de circulação da informação e permitiu que pessoas comuns disputassem com poderosos editores o que poderia ser noticiado. A diversidade de fontes e a queda na credibilidade dos grandes grupos jornalísticos ocorre simultaneamente ao aumento de reputação de diversos blogueiros e sites colaborativos. Além disso, as redes sociais digitais aparecem e crescem também como fonte de notícias.
Resultado: maior diversidade de fontes, maior pulverização das audiências e maior disperção das verbas publicitárias.
Hoje, se reunirmos 5 blogueiros de destaque e observarmos o número diário de seus visitantes únicos, perceberemos que tal soma ultrapassará o número de leitores de qualquer impresso diário brasileiro, excetuando os jornais de São Paulo (por enquanto).
O ecossistema midiático mudou. Murdock acha que tem força para bloquear as redes digitais. No seu manifesto, está escrito: “Universal access to websites does not necessarily mean access at no cost. We disagree with those who maintain that freedom of information is only established when everything is available at no cost.” Ou seja, querem voltar ao velho mundo da cobrança por conteúdo. Ótimo. Fechem logo o acesso aberto às suas empresas.
Em breve, os empresários de comunicação que buscam produzir notícias sérias e de qualidade perceberão que se tiverem um portal informativo aberto e ágil serão replicados, retwittados, copiados e atrairão um fluxo crescente de leitores. John Perry Barlow já havia avisado: a força da economia digital está no relacionamento e não na propriedade. Murdock só é bom em um ambiente verticalizado e autoritário, por isso, odeia as redes digitais.
Murdock não deve ter lido nem mesmo o prólogo do livro Free, de Chris Anderson. Se tivesse lido, talvez aprendesse com o exemplo do Monty Python que aumentou 23.000% a venda de seus produtos depois que os liberou (em alta resolução) em seu canal no Youtube.
Declaração de Hamburgo

A internet prejudica as relações sociais?

Por Alex Primo
Essa é uma das perguntas que mais escuto de jornalistas. Acho muito curioso, pois a questão traz um interessante paradoxo: nunca se interagiu tanto e talvez nunca se tenha escrito tantas missivas, então como a tecnologia pode ter nos afastado uns dos outros?
A coleção de "amigos" no orkut e o gabar-se pelo alto volume de seguidores no Twitter não seria um sinal de que hoje se valoriza mais a quantidade de conexões do que a qualidade dos laços sociais?
Essas e outras tantas questões me incentivaram a estudar a amizade e sua atualização em tempos de cibercultura. Esse será o tema de minha fala semana que vem no III Simpósio da ABCiber (Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura).
É justamente nesse contexto que fiquei muito satisfeito ao receber o link para esta interessante palestra do TED sobre relações sociais mediadas por computador. Apesar de grandes listas de contatos (no MSN, orkut, Twitter, etc.), as pessoas de fato interagem ativamente com um pequeno punhado de pessoas. Vale a pena assistir esta curta palestra de Stefana Broadbent.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cidadania e Redes digitais. Muito controle e falsa liberdade.

O Seminário Cidadania e Redes Digitais promovido pela Faculdade Cásper Líbero nos dias 4 e 5 de novembro contou com a presença de pesquisadores, estudiosos em comunicação digital e profissionais do exterior e do Brasil. Um dos momentos mais importante foi o debate sobre SOCIEDADE DE CONTROLE, BIOPODER E ANONIMATO entre LAYMERT GARCIA DOS SANTOS (UNICAMP) SERGIO AMADEU DA SILVEIRA (FCL) e ALEXANDER GALLOWAY (NYU).  Reproduzo na íntegra entrevista com o professor da Universidade de Nova York, Alexander Galloway.
Do IDG Now!

Você se sente totalmente satisfeito quando navega pela internet amparado pelo conceito de livre expressão e movimentação? Quando abre seu navegador, Alexander Galloway, professor do departamento de cultura e comunicação da Universidade de Nova York, não divide da mesma certeza.
No sentido inverso à expressão e mobilização sem limites na internet, Galloway vê controles em ambientes digitais por meio da dominação de certas tecnologias (a altíssima penetração do TCP/IP, por exemplo, é preocupante, argumenta) e analisa a mudança na hierarquia após a popularização da web.
Em visita ao Brasil para participar do segundo seminário Cidadania e Redes Digitais, promovido pela Faculdade Cásper Líbero, Galloway destrinchou também a nova postura de resistência que deve acompanhar a quebra da hierarquia vertical, praticada até então por grandes corporações, governos e igrejas.
A filosofia hacker, defende, tenta explorar falhas em sistemas para que, dentro deles, descentralizem a inevitável formação de centros de poder em uma mídia que, teoricamente, daria a todos a mesma capacidade de expressão e movimentação.
Nesta entrevista concedida ao IDG Now!, Galloway também equipara o poderio de empresas responsáveis pela infra-estrutura técnica ao de governos e detalha a nova topologia da hierarquia online.
Ao contrário do senso comum da liberdade irrestrita da internet, você argumenta que os ambientes digitais são altamente controlados. Porque?
Bom, eu acho que é livre no sentido de movimentos livres, de abertura. O problema é que não acho que abertura e livre movimentação e expressão são incompatíveis com controle e organização. O que tento explorar nos meus escritos é como entendemos a organização do sistema que não se apóia na repressão, na disciplina ou na punição de indivíduos para estabelecer (relações de) poder ou controle. (Interessa-me) como podemos entender o cenário atualmente, um no qual abertura é permitida e promovida, transparência é permitida e promovida e expressão livre do indivíduo é permitida e promovida, mas, ainda assim, temos uma estrutura altamente organizada e controlada.
Que poder os protocolos têm no controle desta organização?
Geralmente abordo três perspectivas distintas do poder: o comercial, que tem muito poder especialmente no século 20; o poder governamental ou jurídico; e o poder técnico da infra-estrutura, algo sobre a qual não se fala muito, particularmente após o aumento na importância das redes nas três últimas décadas do século 20. Minha opinião é que a infra-estrutura técnica é um ator atualmente tão importante a ser considerados como os poderes corporativo, comercial ou governamental.
Que tipo de tecnologias são as mais relevantes neste controle?
Bom, acho que os protocolos de internet. É o tipo de linguagem mais singular e influente por causa da taxa extremamente alta de adoção no mundo. Por exemplo, o TCP/IP é a tecnologia que atingiu o maior grau de padronização e penetração que qualquer outra. Nenhum computador conectado à internet no planeta não faz parte deste conjunto.
Esta alta adoção não é boa, já que padroniza o acesso e impede o conflito entre dezenas de tecnologias proprietárias?
Sim. Existem vantagens e repercussões positivas disto. Mas acho que toda entidade singular, uniforme e única envolve perigos e conseqüências diretas. Para lhe dar uma analogia na história mundial, houve muitos casos de impérios, como o romano ou o britânico, em que sistemas operavam por uma padronização universal cujos efeitos negativos acabaram sendo a eliminação de especificadas e diferenças regionais.
Na modernidade, por exemplo, podemos fazer uma óbvia análise do desaparecimento de linguagens similar aos problemas ecológicos que estamos sofrendo agora e que trazem novas ameaças. Impérios são sedutores e trazem benefícios, mas também podem ser bastante sangrentos e destrutivos.
No livro “The Exploit” (editado pela University of Minnesota Press, sem edição para o português), você defende a importância de uma “resistência subversiva à rede” que poderia deslocar o controle central exercido sobre as redes. Como funciona este tipo de resistência?
Um conceito sobre o qual falei com Eugene Thacker (co-autor do livro) é um que vem da comunidade hacker, o do “explorar”. A noção básica é que, em ordem para intervir em um ambiente conectado, a resistência não é a melhor lugar para se ir. Talvez o melhor lugar para ir é, ao invés de parar, se aproveitar da máquina, explorando falhas ou problemas específicos ou características que compõem o sistema.
Ou seja, não construir uma máquina contrária para rivalizar com a original?
Sim, muito embora isto também seja um caminho. Um modelo antigo seria quebrar, travar ou sabotar a máquina pelo seu equipamento, em um movimento de resistência semelhante aos ludistas, por exemplo.
Nossa proposta é que, em um ambiente digital em rede, essas técnicas não são nada efetivas, já que redes distribuídas são construídas para evitarem bloqueios como este de maneira muito fácil e rápida. Se você constrói um muro, então a rede cria um caminho alternativo naturalmente, sem qualquer problema.
Nossa sugestão é “ok, vamos pensar em uma forma de agir politicamente que use se aproveite das características da rede”. Por isto preferimos teorias como a da aceleração à da resistência, em que você pressiona o sistema além das suas capacidades ao invés de debilita-lo ou restringi-lo.
Redes digitais se apóiam na criação de movimento. Se você tenta pará-lo, ela simplesmente desvia e te ignora. A questão é como você participa e fica em movimento. Talvez você tenha que se movimentar mais rapidamente ou de maneira diferente.
Isto quer dizer que, num ambiente de redes digitais, somos livres para que façamos o que quisermos, mas sempre sob vigilância alheia?
Sim. A transição de (Michel) Foulcault (filósofo francês que atrelava a punição ao cerceamento da liberdade) para (Gilles) Deleuze (também filósofo francês que defendia a liberdade humana controlada) é uma maneira perfeita de entender esta mudança histórica. Deleuze se foca no período moderno na maioria do seu trabalho, analisando as grandes instituições da modernidade, como a escola e o hospital, por exemplo, tendo como principal linha de condução a disciplina.
Ele admite que a proposta de Foucault é correta, mas defende que houve mudanças no século 20, principalmente nas noções de disciplina, repreensão e proibição que guiam o comportamento dos indivíduos. Essencialmente, ele abre caminho para um sistema que explora o contrário – em vez de disciplinar o corpo, você o libera.
Em vez da repressão do subconsciente, temos agora uma espécie de estágio neoliberal de expressão livre do indivíduo. E a palavra que Deleuze usa para personificar estas mudanças é controle, não mais disciplina.

O exemplo que ele usa é da rodovia: você pode se movimentar muito rápido e ir para onde quiser. Ainda assim, se você analisa uma estrada, é um sistema técnico altamente organizado e controlado: você tem que parar em certos momentos, respeitar a divisão de faixas, não pode bater nas outras pessoas...
Na era das redes digitais, a hierarquia morreu?
Acho que sim. No sentido clássico de hierarquia, no formato de uma pirâmide, explorado por instituições como a igreja, a maioria dos governos e as corporações. Talvez dizer que está totalmente morto seja muito extremo já que estes modelos antigos são muito resistentes. Concordo que, como instituições que se posicionam como líderes da sociedade, o conceito deu espaço para um em rede mais horizontal e não hierarquizado.
E uma das maiores importâncias das redes, fácil de ser esquecido, é que elas podem ser horizontais e rizomáticas, mas também têm sua própria tipologia. Elas podem acomodar tanto um centro de poder como uma distribuição rizomática. Você pode ter o Google, que é uma entidade incrivelmente central e controladora, mas faz seu dinheiro ao monetizar as diferentes formas da rede.


Palestrantes do evento:
Tim Wu (Columbia Law School)
Demi Getschko (PUC-SP)
Carlos Afonso (CGI.br)
Javier Bustamante Donas (Universidad Complutense Madrid)
Jomar Silva (ODF Alliance)
Eugênio Bucci (ECA-USP)
Langdon Winner (Rensselaer Polytechnic Institute)
Ronaldo Lemos (FGV-RJ)
Giuseppe Cocco (UFRJ)
Carlos Cecconi (W3C Brasil)
Henrique Antoun (UFRJ)
José Murilo Junior (Digital.br)
Fabio Botelho Josgrilberg (Metodista)
Franklin Coelho (Pirai Digital/UFF)
João Brant (Intervozes)
Laymert Garcia dos Santos (UNICAMP)
Sérgio Amadeu da Silveira (Faculdade Cásper Líbero)
Alexander Galloway (NYU)

Realização:

Grupo de Pesquisa e Comunicação, Tecnologia e Cultura de Rede
Coordenadoria de Pós-Graduação da Faculdade Cásper Líbero
Fórum da Cultura Digital Brasileira / MINC / RNP

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Google Dashboard. O quê eles realmente sabem sobre você?

Não é novidade que nossos atos na internet sempre deixam rastros. Um imenso banco de dados se torna disponível na rede sobre nossos interesses, preferências, gostos, etc. Uma espécie de "vigilância" contra o "aparente" anonimato e "liberdade" que fundamentou os pricípios da evolução das relações entre pessoas num mundo conectado desde a criação ou invenção do World Wide Web (www) pelo inglês Tim Berners-Lee. Mas a realidade atualmente nos mostra o perigo de sermos monitorados, seja por empresas ou governos. Querem nos impor leis para "garantir" os diretos do copyright, ou nos apavoram com "crimes" de pedofilia, quando na verdade a intenção é cada vez mais descobrir nosso registro de identidade. Ou invadir a privacidade dos cidadãos. O Google sempre se mostrou "libertário", com o único objetivo de construir e expandir o conhecimento humano e sem "pretensões" de "dominar o mundo". Acreditar totalmente nisso não é muito sensato. Cada clic que damos nesse "oráculo" aumenta seu poder. Há poucos anos hackers (lembrando sempre que crackers são os "piratas do mal" e hackers são do bem e os que realmente alimentam a rede com inovações tecnológicas baseadas na concepção de liberdade dos anos 60 e não as empresas, como é comum de se imaginar) inventaram um site para evitar que o Google "domine o mundo": O Scroogle, que "controla" o google. Tem proteção, faz uma capa e simula um usuário e passa para um servidor e desaparece para o google. Evita que o site de busca mais acessado do paneta saiba quem você é e que está trabalhando gratuitamente para ele, apesar de tentar te rastrear rapidamente.É só entrar , fazer a busca dentro do google como um usuário estranho, rápido e desaparecer.Você deve permanecer pouco tempo antes que o próprio google descubra. E o scroogle também é colaborativo.
Esse é apenas um entre vários exemplos da cautela e preocupação sobre como evitar deixar tantos rastros na internet que poderão se voltar, de certa forma, e por meio de conceitos mercadológicos e políticos, contra nós mesmos.
Mas o Google, sabendo dessas manifestações e críticas ainda tenta se mostrar transparente. Criou o The Google Dashboard , que "permite" que você tenha aceso ao seu próprio armazenamento de informações dentro dele ou "resumo dos dados armazenados", uma página que contém as estatísticas e informações sobre seus perfis nos serviços da empresa e seus hábitos de busca. É uma maneira simples e resumida de saber tudo o que o Google sabe sobre você. Acredito que a proposta é mais interessante na teoria do que na prática.
A página é dividida por serviço e possui links bem evidentes relacionados às políticas de privacidade e segurança, para tentar diminuir as reclamações. Portanto, cuidado. As pessoas que usam Gmail, Busca, Blogger, Agenda, Docs, Reader, Friend Connect, Talk, Tasks, Orkut, iGoogle, Youtube e Picasa podem ficar um pouco assustadas. Não deixa de ser uma tentativa de "mostrar" aos usuário os seus próprios direitos. Nada mais. Ou seja: nenhuma informação disponibilizada pelo “novo” serviço é exatamente nova.
Link: Mashable: http://mashable.com/2009/11/05/google-privacy-dashboard/
Para entender melhor esse serviço e tirar suas conclusões veja vídeo abaixo:

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pesquisa indica que a idade média do usuário do Facebook é 33 anos. Do twitteiro, 31.


 Dezenove por cento dos usuários de internet afirmam que usam o Twitter, Facebook ou outro serviço parecido para compartilhar e receber informaçoes. É o que revela pesquisa da Princeton Survey Research International, indicando crescimento de 8% das mídias sociais em comparaçao com dados de abril deste ano e dezembro de 2008. Os resultados do estudo, que entrevistou cerca de 2 mil adultos, correspondem às expectativas de sites como o Twitter - que espera reunir 25 milhoes de usuários até o fim do ano e 100 milhoes até o final de 2010. A pesquisa também concluiu que os usuários do Facebook estao ficando mais velhos - a média de idade é de 33 anos (em maio de 2008 era 26), enquanto que, para o Twitter, é de 31.
Notícia do Media Guardian