terça-feira, 10 de agosto de 2010

Questões importantes sobre Interatividade na TV Digital.

Risco de monopólio do Ginga

Publicado por Valdecir Becker  iTV - Interactive TV

O professor Luiz Fernando, da PUC-Rio, vem a tempos mostrando sua preocupação em relação ao andamento das implementações de Ginga no mercado brasileiro. A mais recente foi a entrevista para o IDG NOW, onde ele manifesta a preocupação com a falta de competividade e a possível imposição de um padrão de interatividade não aderente à norma brasileira.

Há três anos tinha pelo menos quatro empresas desenvolvendo o Ginga-NCL. Hoje temos apenas uma empresa oferendo o Ginga completo, com NCL e Java. A partir do momento que não existe concorrência, a norma elaborada pelo Fórum e ABNT perde o significado. Em vez do mercado se adequar a norma, para que todas as aplicações executem de maneira idêntica em todos os receptores, as aplicações precisam se adequar à implementação.
Como resultado, duas consequências imediatas. Primeira: fazer aplicações não é um processo simples. O que era para ser um mercado amplo, com ferramentas públicas e gratuitas, ficou restrito a pouquíssimas empresas. Não há ferramenta aberta ou gratuita que permita desenvolver e testar aplicações comerciais para o Ginga-J. Mesmo aplicações em NCL, testadas pela PUC-Rio e avalizadas como estando em conformidade com a norma, não são executadas nas versões Ginga Full do mercado.
Segunda consequência: as aplicações que estão no ar foram desenvolvidas para uma plataforma específica, o que significa que não executam nas outras. Se hoje o telespectador quiser ver todas as interatividade no ar, precisa de pelo menos dois receptores diferentes.
Nos últimos meses conversei com engenheiros de várias empresas que me garantiram que a versão do Ginga da LG, primeira que entrou no mercado, não segue a norma do ISDB-T em vários aspectos. Isso faz com que aplicações simples, feitas em NCL, não sejam executadas adequadamente.
A única forma de resolver isso é com uma suíte de testes, que homologue as implementações. Mas essa está distante. O Fórum do SBTVD ainda está criando um grupo de trabalho para cuidar do tema. Os resultados desse grupo de trabalho devem aparecer em alguns meses.
Outra opção seria comprar uma suíte já desenvolvida, ou transformar a homolagação em serviço. Pelo menos duas empresas manifestaram interesse em oferecer este serviço. O problema, neste caso, é o conflito de interesses, pois uma delas estaria homologando e testando a sua própria implementação.

Resumindo: problemas a vista.


TV conectada substitui interatividade na Europa

Todas as residências conectadas com banda larga, redes IPTV oferecendo 120 canais por 20 Euros mensais, conteúdo baixado da internet com a mesma experiência e qualidade da TV em broadcast. O que parece distante aos nossos olhos é realidade em vários países europeus, como a Finlândia, que sediou, em junho, a décima edição do EuroITV, principal evento de TV digital, interatividade e vídeo on line do mundo.
Esse acesso amplo à internet mudou costumes, hábitos e exigências do público, com reflexos diretos no mercado de televisão. A TV analógica faz parte do passado, assim como a interatividade, que, para muitos, foi uma experiência desastrosa. O EuroITV mostrou que a TV aberta e unidirecional pode estar com os dias contados, perdendo espaço para conteúdos personalizados e majoritariamente sob demanda. Pelo menos em países com ampla penetração da banda larga.
As pesquisas em televisão na Europa estão voltadas para a TV on line, também chamada de TV conectada e broadband TV. O foco é a TV social, com recursos de comunicação interpessoal incorporados aos receptores. A interatividade através de software embarcado no receptor (caso do Ginga no Brasil), é tratada como modelo ultrapassado e, com exceção da Inglaterra, como um modelo sem sucesso.
Confira o artigo na íntegra na última edição da Revista Produção Profissional, nas páginas 84 a 90.


Exemplo de mensagem de erro após o carregamento da aplicação de interatividade.

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