Por Alex Primo
Para alguns, o Facebook quer desbancar o Twitter. Para outros analistas, como Kevin Rose (criador do Digg), a empresa pode ter planos muito mais ambiciosos. Em seu videocast Diggnation, Rose apostou que em breve o Facebook poderá transformar-se em um sério competidor do mecanismo de busca do Google.
Você já deve ter percebido que os botões de"Recomendar" e "Curtir" (ou "Like") do Facebook vem se espalhando pela web. Sites jornalísticos, como o da CNN, incorporam o botão ao lado de suas notícias. Sempre que um interagente logado no Facebook clica em "Recomendar" essa notícia é enviada para sua página naquele site de rede social. A partir desse procedimento, todos os seus amigos podem visualizar essa recomendação.
Na verdade, os botões de compartilhar no Facebook, Twitter e outras redes já estavam disponíveis há algum tempo. O que se percebe agora é que o Facebook vem aperfeiçoando essa funcionalidade. Mas com qual objetivo? Cada vez que você deliberadamente clica em um botão de "Curtir" você envia para a empresa uma valiosa informação. Enquanto o Google pode apenas rankear sites em virtude de dados quantitativos, o Facebook poderá em um futuro breve oferecer um mecanismo de busca com base em informações qualitativas. De posse de registros sobre seus gostos e hábitos, como também de seus amigos, o Facebook poderá fazer julgamentos em tempo real sobre que tipo de sites ou páginas na web você tem interesse. E isso tem repercussões não apenas em buscas. Você já deve ter visto o botão do Facebook ao lado de anúncios, não é? Pois veja que isso também fortalecerá a empresa no mercado publicitário.
Como sabemos, robôs são burros. Eles não conseguem compreender o que está escrito nas páginas. É por isso que o algoritmo do Google, e de seus concorrentes diretos, quantifica quantos links uma determinada página recebe. Baseando-se nessa "popularidade", o Google organiza seus resultados de busca. Apesar do poder de arquivamento de dados da gigante Google, conhecemos a limitação desse procedimento. Muitos são os sites de spammers e blogs "caça paraquedistas" que conseguem burlar o sistema. É justamente nesse sentido que há vários anos se aponta os mecanismos de busca sociais como futuro do setor. Para que isso funcione, as pessoas precisam julgar cada página que visitam. Essas informações ofereceriam elementos qualitativos (gostar, recomendar, por exemplo) para os mecanismos de busca ditos sociais. Ainda que muitas empresas venham tentando atuar no setor, nenhuma delas ainda conseguiu ter um volume de dados suficiente para mapear a web e julgar a relevância do conteúdo. Algumas dessas iniciativas dependem da instalação de toolbars em seu browser, o que nem sempre é bem visto.
Você já teve a oportunidade de conferir o valor da recomendação de amigos e conhecidos que você confia. Serviços de social bookmarking e tagging (como Delicious e StumbleUpon) são exemplos clássicos do compartilhamento de informações e julgamentos qualitativos em tempo real. Por outro lado, o volume de uso desses serviços não é suficiente para que aquelas empresas se qualifiquem a oferecer um potente mecanismo de busca na Web.
O Facebook, por outro lado, tem planos muito ambiciosos. Como o sistema de recomendação está diretamente conectado com as redes sociais de seus interagentes, a empresa poderá em algum tempo reunir e maipular esses dados. Ora, quando faço uma busca eu não quero encontrar tudo que está disponível na rede. Quero recuperar aquilo que está diretamente ligado aos meus interesses daquele momento. Como as chances de meus amigos e colegas terem interesses parecidos é alta, o cruzamento da minha busca com aquelas realizadas por meus amigos pode oferecer resultados muito relevantes. Além disso, o registro de páginas recomendadas por mim e por meus amigos configura outro conjunto de dados a serem levados em conta no momento da pesquisa.
O próprio Google tem seu projeto de busca social, como mostra o vídeo abaixo. A diferença entre as duas gigantes é que o Facebook é um site de rede social muito sólido, cujos interagentes são realmente participativos. Além disso, seus botões de compartilhamento estão espalhados pela rede. O Google, por outro lado, é a maior autoridade em mecanismos de busca, mas vem falhando em sites de redes sociais (orkut, Buzz, Wave).
Como se pode ver neste verbete da Wikipédia sobre social search, esse tipo de procedimento tinha perdido um pouco de interesse (veja que as referências no verbete não tem sido atualizadas). Mas talvez apenas uma empresa tão ambiciosa como o Facebook, e com uma base de interagentes tão grande e motivada, possa sacudir o setor.
Você tem medo disso? Isso pode ameaçar sua privacidade? Esse é o risco de oferecer ainda mais dados para o Facebook.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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