quinta-feira, 27 de março de 2008

Politicagem no controle da mída.E o Conselho de Comunicação Social do Congresso nem se reuniu durante todo o ano passado..."Faltou quórum"......

PARLAMENTARES NA RADIODIFUSÃOCresce o número de políticos donos de meios de comunicação
Por Ana Rita Marini em 25/3/2008
Reproduzido do boletim e-Fórum nº 196, 21/3/2008, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
No Brasil, 271 políticos são sócios ou diretores de emissoras de televisão e rádio – os meios com maior abrangência entre a população. Especialmente em ano de eleições, interesses políticos e econômicos dos proprietários de veículos de comunicação podem afetar diretamente a programação e mesmo a cobertura jornalística dessas empresas, chegando a influenciar no processo eleitoral. Apesar de estar em desacordo com a Constituição Federal, o número de políticos empresários da mídia só vem crescendo. São (ou foram) candidatos privilegiados, porque podem tirar vantagem dessa condição em campanha. O resultado fere a democracia.
Dados apurados recentemente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom) revelam que 271 políticos brasileiros – contrariando o texto constitucional (artigo nº 54, capítulo I) – são sócios ou diretores de 348 emissoras de radiodifusão (rádio e TV). Desses, 147 são prefeitos (54,24%), 48 (17,71%) são deputados federais; 20 (7,38%) são senadores; 55 (20,3%) são deputados estaduais e um é governador. Esses números, porém, correspondem apenas aos políticos que possuem vínculo direto e oficial com os meios – não estão contabilizadas as relações informais e indiretas (por meio de parentes e laranjas), que caracterizam boa parte das ligações entre os políticos e os meios de comunicação no País.
"Salta aos olhos a quantidade de prefeitos donos de veículos de comunicação. Demonstra a conveniência do Executivo em usar esses meios para manter uma relação direta com seu eleitorado", destaca James Görgen, pesquisador do Epcom.
Entre as mídias mais apreciadas pelos prefeitos, conforme a pesquisa, destacam-se o rádio OM (espaço onde acontecem os debates públicos) e as rádios comunitárias (que permitem a proximidade com a comunidade, a troca diária com o eleitorado, seja por meio da administração da rádio, seja pelo controle da programação). "Assim, eles garantem suas bases eleitorais", avalia Görgen. Já os senadores e deputados aparecem como proprietários de mídias com maior cobertura, como as TVs e FMs.
"Em ano de eleições, é difícil imaginar que esses políticos deixem de usar seus próprios meios de comunicação para tirar vantagem logo de saída na corrida eleitoral", analisa o pesquisador, dando como exemplo os prefeitos-proprietários, que este ano podem usufruir de temporada maior que a regulamentar da campanha para fazer sua exposição positiva. "Isso dá a eles uma vantagem enorme e representa um risco à democracia", conclui.
Em relação às regiões, relativizando as proporções de cada uma e a densidade de municípios, a pesquisa confirma a prática do chamado "coronelismo eletrônico" concentrado no nordeste brasileiro, onde prevalecem políticos controlando meios de comunicação.
Quanto aos partidos, esses políticos surgem assim: 58 pertencem ao DEM, 48 ao PMDB, 43 ao PSDB, 23 são do PP, 16 do PTB, 16 do PSB, 14 do PPS, 13 do PDT, 12 do PL e 10 do PT.
Os números apresentados são resultado do cruzamento de dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com a lista de prefeitos, governadores, deputados e senadores de todo o país.
Para evitar o coronelismo eletrônico
No ano passado, uma subcomissão especial da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, analisou os processos de outorga no setor de radiodifusão e apresentou, em dezembro, relatório revendo as normas de concessão de rádio e televisão. Uma proposta de Emenda Constitucional foi encaminhada pelo grupo, acrescentando um parágrafo ao artigo nº 222 da Constituição, que estabelece:
"Não poderá ser proprietário, controlador, gerente ou diretor de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens quem esteja investido em cargo público ou no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial".
A presidente da subcomissão, deputada Luíza Erundina (PSB-SP), explicou, na época, que, como esse artigo ainda não foi regulamentado, os detentores de cargos públicos conseguem burlar a Constituição. Segundo ela, os políticos utilizam essas brechas para adquirir emissoras.
O coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Augusto Schröder, condena a utilização privada das concessões públicas e defende que a lei seja mais clara e que sejam construídos ritos públicos eficientes.
A deputada relatora da proposta, Maria do Carmo Lara (PT-MG) declarou, no relatório, que a propriedade e a direção de emissoras de rádio e televisão "são incompatíveis" com a natureza do cargo político.
O texto cita ainda um "notório conflito de interesses" dos parlamentares, já que os pedidos de renovação e de novas outorgas de rádio e TV passam pela aprovação dos próprios deputados e senadores. A proposição ainda não foi posta em votação.

terça-feira, 25 de março de 2008

SOBRE FIDEL Um artigo fraco e previsível do colunista do Observatório.As palavras e frases em negrito foram marcadas por mim para reflexão e anãlise.

Imprensa burguesa festeja renúncia de Fidel
Por Rogério Marques em 4/3/2008
A mídia burguesa não se conteve ante a renúncia de Fidel e promoveu excessiva parcialidade. Parecia mesmo torcida organizada festejando a vitória do time do coração: o imperialismo anti-Cuba. A Veja foi categórica ao sintetizar na capa da revista todo seu ódio contra o líder cubano. A manchete "Já vai tarde", sobre a imagem assombrada de Fidel, revela a mancha imperialista que reina o projeto editorial da revista.
Assim como a Veja, a tropa de elite da imprensa brasileira tomou partido e deu o veredicto: o capitalismo deve voltar a imperar na ilha ora socialista. A partir da renúncia de Fidel, o futuro do povo cubano passou a ser objeto de especulação dos magnatas da comunicação. Estes que servem tão bem ao senhor dono de tudo, o todo-poderoso imperialismo capital. Abertamente, a megamídia saiu em defesa dos EUA e divulgou a vontade do seu amo: uma "transição democrática para o povo cubano".
Essa interferência sem limites dos meios de comunicação de massa em assuntos de Estado faz parte do jogo do poder, que usa a influência da imprensa para se perpetuar no comando. O debate sobre o processo histórico é deixado de lado para dar vez e voz aos poderosos. Desse modo, a ditadura da mídia representa verdades que são convenientes aos interesses do seu patrimônio. Este tem sido o papel do poderoso império global e seus comparsas da comunicação ao longo dos tempos. Foi para cumprir essa tarefa de montar realidades que no dia 1º de setembro de 1969, em pleno AI-5, a Rede Globo inaugurou o Jornal Nacional.(Que fato velho hein?)
Olhar crítico
Atualmente, Rede Globo, Folha de S.Paulo, Editora Abril e suas máquinas de fazer alienação controlam a imensa maioria das notícias que chegam aos milhões de (e)leitores/telespectadores no Brasil inteiro.(Grande novidade.....)
As notícias sobre a renúncia de Fidel só reforçam a opinião de que não existe neutralidade na imprensa. Todos os veículos de comunicação falam a língua do seu dono. A informação, que deve ser tratada como instrumento de liberdade e de interesse coletivo, tem sido manipulada a toque de caixa. Essa troca de favores entre imprensa e poder termina por manchar o jornalismo.
Diferentemente dos vendedores de notícias e conteúdo, que não têm compromisso algum para com o coletivo social, existem profissionais da comunicação que não se deixam manipular pela elite dominante e não aceitam esse lado podre da mídia.
Precisamos amplificar o nosso coletivo de comunicação independente. Que seja um instrumento utilizado a favor da senzala, contrapondo-se ao poder da Casa Grande. Uma mídia que seja capaz de provocar olhares críticos acerca dos acontecimentos. A intervenção de rádios comunitárias, fanzines, a imprensa livre na internet, além de jornais e revistas independentes, são maneiras de realizar uma comunicação autônoma. Um espaço onde todos possam trocar informação, produzir e interferir nos mais diversos processos de comunicação ( alguma sugestão de como se chegar a esse processo?.. aliás isso já vem ocorrendo)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Do Observatório..um pouco "velho", mas interessante para análise e comparações da nossa imprensa escrita.

Fidel online Postado por Luiz Weis em 19/2/2008
Pela primeira vez desde a invenção da escrita, a mensagem de um líder político, ainda por cima da importância global como a carta de renúncia de Fidel Castro, foi divulgada antes em bytes do que em átomos, como dizem os americanos.
A carta saiu na versão online do jornal cubano Granma - quando a edição impressa ainda não rodara, ou pelo menos ainda não circulava.
É um marco na história dos meios de comunicação.

sábado, 22 de março de 2008

Sopranos Parody-Já foi um grande sucesso...


Com apenas 1,5 milhões de acessos desde a estréia, em julho de 2007, o video protagonizado por Hillary e Bill Clinton foi baseado na cena final do seriado Família Soprano.O filme foi um convite para os simpatizantes votarem na canção-tema da campanha da candidata.

Ataque a Hillary.Vote Different



Exatamente agora o video original de fevereiro de 2007 foi retirado do youtube.Peguei uma versão de maio de 2007.Porque será?Bem esse também é igual e representa um antigo comercial da Apple de 1984 produzida por simpatizantes de Barack Obama.No filme, Hillary Clinton é mostrada como o Big Brother que controla tudo e a todos.O original já chegou a marca de mais de 5,3 milhões de acessos desde a estréia em fevereiro de 2007.

Yes We Can.Obama.O poder no youtube ao poder na Casa Branca.


Videoclipe criado de trechos de um discurso de Barack Obama.Teve participação de vários artístas e foi produzido por Jesse Dylan, filho de Bob Dylan.
Quase 12 milhões de acessos desde a estréia em 4 de fevereiro de 2008.
A internet tornou-se hoje para a política o que a televisão foi na década de 60 e o rádio na década de 40.O uso da internet e do marketing viral na política se inspira, em certa medida, nas estratégias utilizadas em outro universo: o das grandes empresas.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Marketing político usa o youtube na campanha para presidente dos EUA.

Pastor cria polêmica racial na campanha de Obama


Na fronteira - Revista Imprensa » Edição 232 (mar/2008)



Por Rodrigo Manzano / Fotos: Pya Lima





Júnia Nogueira de Sá, Diretora de Assuntos Corporativos e Imprensa da Volkswagen do Brasil, sutilmente vem desmontando a metáfora de uma fronteira que separaria jornalistas de redação e profissionais de assessoria de imprensa. Em meio à crise de imagem que a Volkswagen enfrentou na primeira quinzena de fevereiro, demonstrou que o melhor caminho para estreitar a relação com a imprensa é abrir as portas da empresa e agir com transparência. O "Caso Fox", como ficou conhecida a denúncia de que o rebatimento do banco traseiro do automóvel teria causado acidentes aos usuários, invadiu o noticiário e acendeu o alarme da opinião pública. No plano de gestão de crise da companhia, havia a clara percepção de que o mais importante naquele momento era mobilizar quem fosse necessário - inclusive o presidente da VW, Thomas Schmall, que foi ao "Jornal Nacional" pessoalmente mostrar a segurança do procedimento - e ceder à demanda de informação provocada pelo noticiário. Diplomática, Júnia, contudo, mantém a discrição quando questionada se houve excessos por parte da mídia: limitou-se a afirmar que a cobertura, como um todo, estava recheada de "desinformação". Para reverter o quadro, comandou uma operação de guerra e guerrilhas em que o inimigo não eram os formadores de opinião, mas o alarmismo desencadeado pela cobertura em cadeia. A trajetória de Júnia pelas redações, em especial na Folha de S.Paulo, onde chegou a assumir o posto de ombudsman entre os anos de 1993 e 1994, imprime à sua relação com a imprensa uma postura um tanto sui generis, já evidenciada em cargos executivos em outras corporações, como Telefônica e Abril. A indústria automobilística corresponde, no Brasil, a 18,5% do PIB industrial, e a Volkswagen, a 23% do setor, praticamente empatada com a Fiat e GM, líderes do mercado. Trata-se, portanto, da comunicação de um setor essencial à economia e à geração de empregos, cuja pauta não se restringe ao noticiário especializado. Da rotina no jornal, Júnia não tem saudade alguma dos plantões, e reconhece que seu volume de trabalho não diminuiu ao se transferir para a comunicação corporativa. Confessa, ainda, emocionar-se com o cheiro de tinta que impregna o prédio da Folha de S.Paulo. De sua sala na Volks, em São Bernardo do Campo, não se sente aroma algum. Nem o adorável cheiro de carro novo nem o de oficina. IMPRENSA - O caso Fox - que se abateu sobre a Volkswagen em fevereiro - foi cercado de elementos muito favoráveis ao alarmismo, como dedos mutilados e a suspeita de que os carros brasileiros eram menos seguros que os europeus, a ponto de o presidente da companhia ir à televisão mostrar que o sistema é seguro. Você acha que houve algum exagero por parte da mídia? Júnia Nogueria de Sá - O tamanho dessa cobertura foi o tamanho da Volkswagen. Eu não consigo imaginar a mesma dimensão em outras montadoras menores. A Volkswagen é um ícone no Brasil, e um caso como esse ganha uma grande dimensão. Estamos falando do 4º carro mais vendido no país, e o fato de que esse caso agrega alguns símbolos bastante chamativos deu essa dimensão. Infelizmente, o que se vê na imprensa é uma grande desinformação. Diversas reportagens foram preparadas sem que o repórter tivesse procurado saber a realidade, inclusive a acusação de que os carros exportados para a Europa são diferentes dos vendidos no mercado brasileiro. Há dois fatos que sistematicamente geram noticiário sobre as companhias automobilísticas: recall e negociação sindical. Como a Volkswagen lida com essas questões e qual delas dá mais trabalho? Na verdade, existem duas frentes bastante distintas na comunicação, que se confundem em vários momentos: produto e institucional. A minha primeira providência na Volkswagen foi juntar as duas equipes em um mesmo espaço físico e tentar fazer com que a interação fosse a maior possível, exatamente para fazer com que as informações fluíssem e nosso trabalho ficasse mais consistente. A troca de atributos é muito benéfica, não tem por que separar. Sabendo que alguns casos de acidentes já eram conhecidos há pelo menos dois anos, a que você atribui o ressurgimento da matéria na pauta? O primeiro caso que surgiu, de um cliente da Volkswagen de São José dos Campos, foi publicado na Quatro Rodas em 2006 e acabou sendo levado de volta aos jornais agora, sempre pelo próprio cliente. Ele tem uma ação na Justiça contra a Volkswagen e, sem dúvida, compreende a força da opinião pública e tenta mobilizá-la para a sua causa. Essa história retornou à pauta na revista Época e na TV Bandeirantes no carnaval, e o potencial de desaparecer era grande. Na quinta-feira, o Estadão publicou uma matéria. Já não era mais carnaval, as atenções estavam focadas na vida real e as pessoas já tinham voltado do seu recesso. A soma dessas três mídias fez com que o assunto ganhasse uma enorme dimensão e crescesse. Que erro a Volks não pode se dar ao luxo de cometer, tanto no relacionamento com a imprensa, quanto no relacionamento com seus consumidores? O maior erro em qualquer momento é fechar as portas. O tradicional seria esperar o pronunciamento da Justiça, mas tratamos a opinião pública como ela merece. A Volkswagen tem uma relação de proximidade com os brasileiros. O cliente e o cidadão acabam se confundindo, e nessa hora estamos pensando no cidadão, na sociedade. As portas estão abertas. Os executivos, no entanto, são muito refratários aos jornalistas, ainda... Ainda há muitos executivos refratários. A Volkswagen, hoje, conta com um presidente que, além de jovem, tem uma visão muito arejada do que seja a opinião pública e da importância dela. Ele e sua equipe já lidaram com muitos lançamentos de produtos, com muitos recalls e tiveram muitas interações com a opinião pública, suficientes para compreender a importância disso.

quinta-feira, 20 de março de 2008

"As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam"(Elis)

Mídia e Poder.Paixão e ódio.Glicerina pura.Objeto de profundo debate e renovação de pesquisas nas ciências da comunicação.De desejos megacorporativos, governos, políticos e instituições.E, claro, das ongs,dos movimentos dos sem terra, sem teto e tantos outros ativismos sociais.

E a Cleusa,que vem três vezes por semana trabalhar em casa e mora em Ferraz de Vasconcelos, ficou preocupada comigo quando me ouviu pensando alto sobre tudo isso..Achou que eu estava reclamando ou resmungando sozinho.Tentei dizer algo, sei lá..qualquer coisa só para acalmá-la.
Na verdade eu é que começei a pensar nela.Como milhões de brasileiros, ganha um salário mínimo, sustenta a família, mora longe do trabalho, não desfruta de ferramentas básicas sociais, etc.No entanto não é que a danada está por dentro de tudo quanto é lançamento de produtos tecnológicos como tv hdtv, celular 3G,iPod, bluetooth.. os computadores...Só espera os preços baixarem nas casas Bahia.
Achei legal, ela está bem informada.Uma receptora não alienada.Afinal, assim que tiver uma tv digital ou a tão esperada IPTV, um novo pc, um celular 3G com banda larga fazendo down e uploads, vai interagir com maior intensidade.Quem sabe fazendo inputs e outputs na cabeça de muita gente? Terá uma melhor condição ativa de receptor e talvez inverter, modificar, renovar e entrelaçar os conceitos sobre a influência dos meios de comunicação na formação da opinião pública .Poderá vir a ser ainda um receptor mais consciente e crítico.Uma vez que ela estará, como individuo e grupo, participando da elaboração de um novo canal bidirecional nos chamados meio, mensagem e transmissor.

Como bem definiu Humberto Eco em "Apocalípticos e Integrados", temos dois pólos antagônicos de críticas e aplausos a presença da mass media na sociedade.Na linha do "funcionalismo" norte-americano que entende que "estamos vivendo uma época de alargamento da área cultural... sem a precaução e não importando o fato de essa "cultura sair de baixo ou que venha prontinha, confeccionada,construída de cima para consumidores indefesos".Já na visão dos "frankfurtianos" a proliferação dos bens culturais através da comunicação de massa "representa a perda de valores essenciais das artes e da cultura e os conteúdos e produções tornam-se banais"

A Cleusa não tá nem aí.Vive a vida dela.Está com mais de quarenta anos e durante sua vida consumiu o que lhe foi oferecido pelos tradicionais veículos. O que chamamos de “convencional”, “manipulador”, e sem “opção cultural”.Mas tem suas opiniões.Odeia política e políticos.Sabe que a corrupção rola solta.Ama o seu Silvio Santos e ao mesmo tempo não larga a Globo.Assiste o que tem, ouve o que quer.Aliás, adora ver sua terra mostrada na tv.Um bom indício de que a multiprogramação pode oxigenar o cérebro dos menos favorecidos.Levando as esperadas opções de conteúdos, arte, cultura e educação a todo canto do país.
Suas raízes nordestinas ainda se embaralham com o caos urbano, mesmo morando tão longe do centro de modernidade e cultura dessa megalópole.No entanto, gosta de se reunir com os conterrâneos aos domingos, um churrasquinho e forró.
Ela não está confinada a um controle remoto. Ligar, desligar e zapiar meia dúzia de produções baratas.Nem se sente dominada, massificada.....
De certa forma ela interage com as informações, mesmo que cognitiva e subliminarmente.E tem suas reações.Diz que odeia certas cenas da novela da Globo, não gosta de “uns programinhas chatos da Cultura” e curte o telejornalismo de edição “chicote”, aqueles sensacionalistas com muita correria, armas e vítimas.Será ela uma vítima de um certo apresentador?Acho que não. Por mais que a arquitetura das grades de programação pode ser enfiada goela abaixo do receptor, mesmo assim ele tem o poder de decidir.Se ele gosta ou não nem o Ibope pode prever.Como saber se o receptor está realmente gostando ou se sentindo bem?Dá para entrar na cabeça dele?Era de se esperar que esse instituto criado para um tradicional modelo de negócios, esteja apanhando para decifrar e mapear audiências numa mídia cada vez mais convergente.

Conceitos e teorias científicas não se esgotam, pelo contrário, fomentam mais discórdias ou melhores resultados.Na "nova mídia" a antiga unidirecionalidade e a massificação ganham outras características redefinindo os conceitos de comunicação de massa.A Cleusa só tem o primário.Sabe ler pelo menos.Mas as informações que ela recebe no display dentro do ônibus, na estação da CPTM( display em infravermelho, custa milhões de reais para os desvalidos ficarem de boca aberta e olhos esbugalhados na estação), na tv aberta, rádio e na revista ti ti ti, a remetem para um mundo lúdico, imediato, digitalizado, tudo passa por um desejo tecnológico e encantado.Informações digitais que subvertem o seu real desejo de consumir ás necessidades básicas.Seus arco-íris de soluções lhe enchem os olhos de sonhos.E dai se ela está sendo manipulada ou não.

A expressão mais forte na mídia atualmente não é conteúdo e sim modelo de negócios. A discussão sobre o poder de manipulação, persuasão e objetivos que visam ao lucro indiscriminado,ou a influência do governo não deve se esgotar nem mesmo sob a ótica dos visionários do futuro da internet e sua capacidade colaborativa de organizar uma nova democratização social e diminuição da desigualdade social planetária.

Para o cientista Artur Matuck, da USP existem quatro direitos fundamentais da comunicação.Estabelecido o diálogo entre o emissor e receptor, ainda assim existirão desafios para instituir..¨o direito de ser informado, o direito de informar e transmitir, o direito de não ser estimulado e o direito de não se manifestar.Cabe aos indivíduos, comunidades, estimular uma mudança cultural na relação entre emissores e receptores, bem como ao governo brasileiro democratizar a radiodifusão com a entrada de novos atores”.


O grande problema que se coloca, principalmente no Brasil, diz respeito ao baixo nível educacional, aos oligopólios e instituições ligados ao governo, falta de políticas que façam a sociedade se tornar mais ativa e participante das decisões emergentes na telecomunicação atual.Mídia e poder na Índia também alfabetiza as mais longínquoas aldeias do país através do celular distribuído gratuitamente.Um outro exemplo de mobilização aconteceu no sudoeste asiático.O governo preparava um golpe contra o impeachment numa sessão no parlamento.A população imediatamente se organizou em frente ao prédio apenas com mensagens entre celulares indicando o endereço para o ato de protesto.

Bem, voltando ao Brasil,durante todo o ano de 2007 não houve quorum para deliberações nem nomeações para compor o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, Conselho Consultivo da Anatel e Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação da Câmara.Grupos criados para para permitir a participação da sociedade na discussão de temas associados à comunicação e às telecomunicações.Não vi essa notícia na mass media.Nem a Cleusa.